Desde 2013 os brasileiros veem a crise política se aprofundar e a imagem da presidente Dilma Rousseff ruir frente aos sucessivos escândalos de corrupção envolvendo membros do seu governo, investigados na Operação Lava Jato. À primeira vista, a deterioração do governo tem como causa primária o esfacelamento das relações de poder. Porém, pesquisa feita pelo Instituto Maurício de Nassau (IPMN), no Recife, aponta que a crise - que pode culminar com o impeachment de Dilma - é embalada pela deterioração econômica muito mais do que pela política. Dos recifenses ouvidos, 76,2% têm conhecimento sobre a crise econômica e, desse total, 70% avaliam que se não existisse crise na economia do País, "várias pessoas deixariam de ser favoráveis" ao afastamento.
Com base nos números
expostos, o professor da UFPE e coordenador da pesquisa do IPMN, Adriano
Oliveira, explica que o mau desempenho da economia é o fator responsável pelo
efeito caótico do cenário político. Caso os números fossem positivos, os
eleitores não estariam discutindo a deposição presidencial.
"O principal não é
a corrupção, mas a economia. Se a economia estivesse bem, como na época de
Lula, não teríamos a discussão em torno das pedaladas", explicou. O
professor avalia que, diferente do que afirmam alguns cientistas políticos do
País, não há um amadurecimento da sociedade no combate à corrupção, mas o fator
estimulante para pedir a saída de Dilma é o declínio econômico.
Há 11 anos, época em que
explodiu o escândalo do mensalão, o Brasil estava em pleno crescimento do PIB,
na casa dos 4%. Hoje, a retração é de 3,8% e a inflação voltou a assombrar os
consumidores. "Na época do mensalão, a economia estava em expansão e Lula
conseguiu conquistar a opinião pública. Isso significa que os eleitores
reconhecem que se a economia estivesse boa não seria necessário
impeachment", pontuou Adriano Oliveira.
O levantamento mostra
que a maioria dos entrevistados (59,9%) é favorável ao impeachment, mas só 1%
compreende o real motivo para seu pedido: as chamadas pedaladas fiscais. O
percentual dos recifenses que pedem a saída de Dilma está alinhado ao sentimento
refletido nas pesquisas de abrangência nacional.
Para 43,7% dos
entrevistados, a petista deve ser deposta porque seria considerada
"corrupta", embora não haja nenhuma investigação em curso contra ela.
Outros 16,1% avaliam que Dilma deve sair porque "não sabe governar".
Está em análise na
Câmara dos Deputados o parecer em favor do pedido de impeachment contra a
presidente. Amanhã, acontece a votação do relatório do deputado Jovair Arantes
(PTB-GO) pedindo seu afastamento. O resultado será lido no plenário na terça.
Na quarta, ele será publicado no Diário da Câmara - a partir de então, serão
contadas 48 horas para o início da discussão e votação no plenário.
Quando questionados se
acreditam que a presidente sofrerá o impedimento, a opinião dos entrevistados
se divide: 46,2% dos recifenses acreditam que Dilma será afastada enquanto
45,6% creem que ela completará seu mandato.
GOLPE
Embora o País
experimente dias de polarização extrema, a pesquisa aponta que, no Recife, para
mais da metade dos entrevistados (59,9%) impeachment não é considerado golpe à
democracia. Os defensores do governo pregam que o impedimento seria uma ruptura
institucional.Mas para 51,3% dos entrevistados, a saída menos traumática da
crise seria a realização de nova eleição presidencial, como defendeu semana
passada a ex-candidata à Presidência da República Marina Silva (Rede).
Para chegar à radiografia do cenário, o instituto ouviu 624
pessoas no início da semana (dias 4 e 5 de abril). As entrevistas foram
realizadas somente no Recife e os entrevistados tinham que ser eleitores com
mais 16 anos. A margem de erro é de quatro pontos para mais ou para menos. Do
percentual de pessoas ouvidas, 55,3% são mulheres e 48,9% têm ensino médio
completo ou superior incompleto.
Do: Blog São Domingos Já Fonte: Jc Oline
Do: Blog São Domingos Já Fonte: Jc Oline